“Você deve levar seu oponente por uma floresta escura profunda, onde 2 + 2 = 5,
e o caminho para fora é largo o suficiente apenas para um.”
— Mikhail Tal

 

 

Xadrez é um conceito militar logístico representado em um jogo abstrato.

 

CONCEITO: a relação entre dois ou mais objetos ou ideias.

* LOGÍSTICA: “A palavra logística tem a sua origem no verbo francês loger — alojar ou acolher. Foi inicialmente usado para descrever a ciência da movimentação, suprimento e manutenção de forças militares no terreno. Posteriormente, foi usado para descrever a gestão do fluxo de materiais numa organização, desde a matéria-prima até aos produtos acabados.”

(https://pt.wikipedia.org/wiki/Logística)

 

Troque todas as peças e peões do xadrez por quaisquer outros objetos com nomes diferentes e lhes dê uma habilidade única de se mover por uma área restrita, seja na casas ou nas linhas de intersecção de um tabuleiro ou mapa, e ainda terá o conceito do xadrez demonstrado fisicamente.

Na sua origem, o xadrez foi inventado na Índia para simular os eventos de uma determinada batalha. Para isso, as quatro divisões do antigo exército indiano foram convertidas e simbolizadas em objetos menores, ou seja, em peças.

Os peões representavam a maioria da infantaria, de soldados a pé, que iam caminhando sempre em frente e aos poucos até entrar no campo inimigo com suas lanças espetando nas laterais e com seus parceiros ao lado e atrás lhes dando suporte. Por isso uma cadeia de peões é tão forte quanto o seu peão mais fraco.

As Torres simbolizavam as mortíferas e ágeis carruagens de guerra, que seriam o equivalente aos tanques e artilharia pesada dos exército modernos por sua capacidade de avançar para a frente e para os lados de um jeito implacável.

Os Cavalos eram a cavalaria, ainda uma força leve utilizada pelos militares atuais por sua capacidade de rápido deslocamento no meio da multidão, saltando sobre obstáculos, abrindo caminho no meio de bloqueios e sendo imprevisíveis no seu movimento circular. Não por acaso aquela tática dos índios norte-americanos circulando montados as carruagens no Velho Oeste que eram obrigadas a parar e se agrupar em um bloco para se defender da saraivada de flechas.

Os Bispos equivalem aos arqueiros que atacam pelos flancos e atingem longas distâncias nas diagonais que ocupam, agindo como os atiradores de elite quando estão atuando em pares.

A Dama, o antigo Vizir do Xatranje, combina os poderes da Torre e do Bispo para otimizar as demais peças e por isso necessita do apoio delas para cercar o Rei inimigo e cobrir sua retaguarda. Experimente dar xeque-mate somente com uma Dama e verá a dificuldade de se completar esta tarefa.

E o Rei, tanto o alvo quanto o comandante-geral, é a única peça que na iminência de ser capturada (em “xeque”) encerra a partida.

Estes totens em miniatura dispostos nas coordenadas de um tabuleiro representando o território onde foi travado o combate possibilitou criar as variantes do jogo Chaturanga, sendo o Xatranje dos antigos persas a principal delas e a que deu origem à variante hegemônica que conhecemos como o xadrez europeu.

E no LOCKING CHESS, graças às novas regras da sobreposição entre as peças, foi adicionada uma quinta divisão militar ao jogo, a das peças combatendo no espaço aéreo do tabuleiro, tornando a logística ainda mais complexa, atual e desafiadora!

Voltando ao propósito original do xadrez, sua função para relembrar o que aconteceu em uma batalha reencenava quais das quatro forças militares foram mobilizadas e como elas foram usadas estrategicamente para sitiar o Rei inimigo. Ou seja, o xadrez representava a logística militar da época. Portanto, o conceito do xadrez permanece essencialmente numérico. Uma Torre na sétima fileira será mais forte do que um peão ou um Bispo no mesmo local, mas dependendo de como as demais peças estão dispostas no tabuleiro, pode ser inútil e até um sério problema se ficar sem saída, sem ter nada para ameaçar ou capturar ou afastada demais para proteger outras peças amigas. Desde o passado, remanejar recursos, a base da economia, requer observação cuidadosa, análise comparativa e técnica a cada movimento, afinal, mover uma peça é transportá-la de um local para outro. E do ponto A ao B pode haver um terreno minado, repleto de armadilhas e encruzilhadas…

No conceito do xadrez, o importante é que cada uma das peças coopere entre si e que estejam em sinergia umas com as outras, com o único objetivo de enfraquecer a posição inimiga e cortar suas linhas de comunicação e suprimentos para encurralar o Rei adversário e lhe atacar impiedosamente sem possibilidade de defesa ou fuga. Ganhos materiais são subprodutos e os temas táticos as ferramentas dessa estratégia.

Em outras palavras, xeque-mate é como se ganha no xadrez mas o objetivo é mover as peças certas para os locais certos e na ordem mais conveniente para se executar e concluir o plano do xeque-mate. Toda vez que uma dessas peças fica isolada e sem apoio de uma outra peça amiga, os riscos de ela ser atacada e capturada aumentam até o ponto em que o Rei perderá o apoio dos seus fiéis defensores e é obrigado a se render. Sacrificar uma peça para ganhar a partida significa eliminar as peças que estavam atrapalhando a execução de um plano, uma tática semelhante a descartar peso extra para acelerar a viagem ou para liberar e concentrar a mira no alvo. Sacrifício é pura economia de recursos.

É possível vencer rápido no xadrez sem capturar ou sacrificar nenhuma peça antes do xeque-mate fatal. Porém, quanto mais prolongada a partida, mais chances de se perder e trocar material. E isso representa perfeitamente os prejuízos de guerras de longa duração que vão gradualmente exaurindo os armamentos, os mantimentos e a moral de ambos os lados.

Este é o conceito do xadrez: caçar, cercar e capturar o Rei do oponente desde o lance inicial, sabendo que o outro jogador também está empenhado em fazer o mesmo.

O adversário deve ser respeitado (“respeitar”, do latim “respectare”, significa olhar outra vez) e cada lance dele não pode ser ignorado, e sim reaproveitado contra ele e a nosso favor.

No final, o xadrez se resume a orientar e reorientar constantemente as nossas peças e peões mirando a coroa do Rei, enquanto simultaneamente desviamos o nosso alvo das suas armas. É primeiro estar indisponível aos ataques e planos do adversário. Só então teremos a chance de lhe atacar sem pagar o alto preço da vulnerabilidade. Como alertou Sun Tzu, o general que conhece as suas próprias forças e fraquezas e também as do inimigo ganhará todas as batalhas!

Ciente de tudo isso, qual é a qualidade que não pode faltar ao jogador de LOCKING CHESS?

Nossos poderes de memória e intelecto podem estar nivelados com os do adversário. Decorar aberturas, meio-jogo e finais também não são suficientes. E não podemos esperar que o nosso adversário cometa algum deslize para nos ajudar…

Portanto, resta apenas uma qualidade que faz um jogador vencer: sua capacidade de entrar em um estado de “ATENÇÃO PLENA”. E isso requer uma abordagem diferente sobre como e por que jogar xadrez.

Espaço, tempo, matéria… são conceitos supérfluos para o xadrez. Para facilitar o processamento correto das jogadas, será o comportamento dos objetos no sistema do qual estão integrados que vai reger e ditar as escolhas e decisões. E este jogo resume-se a mover as peças certas para as casas certas e na ordem certa de acordo com o alcance e o valor de cada uma delas. Como medir (ou seja, calcular) cada uma dessas ações é a chave para um jogo sólido e dinâmico. Afinal, forçar uma Dama a fazer o trabalho de um Cavalo pode ser tão desastroso quanto enviar um único peão para o front.

Felizmente, agora temos a nova teoria algorítmica do XADREZ ALÉM DAS DIMENSÕES criada pelo Mestre Internacional Andrzej Szypulski para nos guiar por um caminho mais amplo pela “floresta escura” do xadrez e 2+2 voltar a ser 4!

 

* Logistics: https://en.wikipedia.org/wiki/logistics

“Logística”, na Wikipedia em inglês, é um termo sinônimo de “álgebra” e vem da matemática. Portanto, a logística é a técnica de calcular/processar o melhor deslocamento de recursos para concluir uma determinada operação complexa.

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